26/09/2011

ALGUMAS CIDADES DO INTERIOR DO ESTADO COMEÇA A RACIONAR ÁGUA

Interior do Estado começa a racionar água



Duas cidades do interior do Rio Grande do Norte já enfretam problemas com o abastecimento de água. Antônio Martins, com 7,5 mil habitantes, localizado no Alto Oeste Potiguar, teve decreto de estado de emergência assinado e publicado pelo prefeito Edmilson Fernandes (PMDB) há 30 dias, pelo quadro de escassez de água. O mesmo aconteceu na cidade de Luís Gomes, com 10 mil habitantes, localizada quase na divisa do Rio Grande do Norte com o Estado da Paraíba e administrada pelo prefeito Carlos José Fernandes, "Dedezinho" (PP).
m Antônio Martins, o açude Porcos, que abastece a cidade, não recebe água de chuva há dois anos e está praticamente seco. Só resiste no máximo mais 30 dias. A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) informou que já suspendeu a cobrança da conta de água e atualmente a população já consome de forma racionada. A água chega à cidade em dois carros-pipas e vai precisar de pelo menos mais quatro para atender toda a cidade nos próximos 30 dias.

Em Luís Gomes, o quadro é parecido. O açude Dona Lulu Pinto, que abastece a cidade, não resiste mais de 40 dias com água. A exemplo de Antônio Martins, esse reservatório não recebe água desde o inverno de 2009. "Estamos consumindo água mineral", diz Dedezinho.


A distribuição de água na cidade desde abril passado não atende a demanda de consumo da população. A Caern também já suspendeu a cobrança pelos seus serviços; entende que a qualidade da água não é recomendável. Nesse caso, o prefeito diz que vai precisar, nos próximos 40 dias, de 20 carros-pipas para abastecer a cidade e, assim, não de forma satisfatória.


Nos dois municípios, a população da zona urbana é de 10.472 habitantes, segundo o Censo de 2010, do IBGE.


Caern vai instalar novas adutoras


Tanto em Luís Gomes como em Antônio Martins já existem estudos prontos apontando o que seria a solução para evitar que o abastecimento de água nessas cidades entre em colapso novamente. Porém, tratam-se de obras que vão precisar de 60 e 90 dias para ficarem prontas. Até lá, o quadro será de desespero, com consumo racionado em todas as casas. Em Luís Gomes, o prefeito Carlos José Fernandes, "Dedezinho", disse que a solução é construir uma adutora de 6,8 quilômetros para abastecer a cidade com água do Açude do Gessem, ou como é mais conhecido na região, Açude do Saco, que fica localizado no município do Major Sales.


No dia 24 de agosto passado, os engenheiros Ricardo da Fonseca Varela Filho e Walter Gasi, respectivamente, diretor-técnico e diretor-presidente da Caern, informaram que o estudo topográfico já estava pronto e o projeto sendo preparado para a instalação da adutora. O processo começou em abril e ainda serão necessários mais três meses para ser concluído.


Já, em Antônio Martins, a solução, segundo o prefeito Edmilson Fernandes, é construir uma adutora com 17 quilômetros de extensão para abastecer a cidade com água do açude de Lucrécia. Esse açude, apesar de ter tomado pouca água, é grande o suficiente para atender a demanda de consumo das cidades próximas. Armazena até 27 milhões de metros cúbicos de água.


Sexta-feira, Edmilson Fernandes estava na Caern em Natal, tratando com os engenheiros a elaboração do projeto conforme o levantamento topográfico feito na região, que é um pouco acidentada para abastecer a cidade. "A adutora será montada nas margens da RN de acesso de Luís Gomes a Antônio Martins", explica o prefeito.


População sai às ruas pedindo água potável


Os moradores das cidades de Luís Gomes e Antônio Martins não estão dispostos a aguardar parados que as autoridades do Governo do Estado providenciem água. Quinta-feira (22) houve protesto nas ruas de Luís Gomes, com a participação do Ministério Público Estadual, igrejas e escolas do município. O mesmo movimento está sendo preparadoem Antônio Martins. Durante a mobilização, foi enfatizado que a falta d'água em Luís Gomes está prejudicando não apenas o abastecimento, mas também interrompendo o ciclo de crescimento da economia local, através da paralisação do projeto social das hortas comunitárias (que atende a mais de 35 famílias) e, sobretudo, a construção civil, que já contabiliza significativos prejuízos com a interrupção de inúmeras obras, ocasionando desemprego para toda a população.


O prefeito Carlos José Fernandes (Dedezinho), o diretor regional da Caern, Djalma Neres, o promotor de justiça Ricardo Costa Silva, os vereadores Vicente Feliciano, Lindalva Batista, Maria Gerusa e Firmino Nunes, secretários da administração municipal, comerciantes e, sobretudo, o povo, que compareceram munidos de baldes, apitos, panfletos e faixas, numa tentativa de conclamar o Governo do Estado para solucionar o problema da falta d'água.


Houve concentração na Praça do Centenário. Na ocasião, o prefeito relembrou que tudo que é possível vem fazendo desde abril para solucionar o problema. "Essa luta é uma luta de todos, e todos sintam-se convidados a unir forças em prol da resolução do problema da falta d'água. Você, por exemplo, que votou em Rosalba Ciarlini, demonstre sua força junto ao Governo e também interceda nesse favor", disse Dedezinho.

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