22/07/2014

RAPAZ QUE PEGAVA COMIDA NO LIXO MUDA O DESTINO E SE FORMA EM MEDICINA

Cícero Pereira Batista encantou-se com um livro de biologia que encontrou no lixo quando estava na 4ª série.

“Eu queria te dizer que determinismo social não existe”. É assim que Cícero Pereira Batista define sua história de vida. Ele nasceu em uma família pobre, seu pai morreu quando ainda era novo, sua mãe tornou-se alcoólatra e, para sobreviver, ele e seus sete irmãos viviam com os restos de comida que catavam no lixo ou nos mercados. Ele tinha tudo para continuar na miséria ou entrar no mundo das drogas. Mas decidiu seguir outro caminho.

Este ano, no início de junho, com 33 anos, Cícero formou-se em medicina por uma universidade particular de Brasília, a Faciplac. Para colocar a mão no diploma, teve que se esforçar mais do que a maioria de seus colegas de curso. Ele não deixou de trabalhar mesmo frequentando aulas que aconteciam de manhã e à tarde.

O interesse de Cícero pela biologia começou nos primeiros anos da escola. Apesar de não ter muito apoio da mãe, uma vizinha o matriculou no colégio. Enquanto não estava na aula, ele continuava revirando as lixeiras da capital brasileira. Mas, às vezes, acabava levando mais do que alimentos. Começou a pegar também livros e discos de vinil. Foi assim que descobriu uma apostila didática de biologia e a música de Johann Sebastian Bach. O primeiro, ele lia com curiosidade. O segundo, levava para a vitrola da vizinha.

Um dia, encontrou uma máquina fotográfica descartável. Desmontou o aparelho e ficou só com a lente, que usava como lupa para observar as pulgas dos cachorros com os quais convivia. Achou fascinante quando descobriu a semelhança entre os artrópodes e as figuras que apareciam em algumas páginas do livro.

O tempo passou e, no último ano do ensino fundamental, Cícero resolveu fazer o vestibulinho para cursar o ensino médio profissionalizante com especialização em técnico de enfermagem. Mesmo com os estudos exigindo mais dedicação, ele continuou fazendo alguns “bicos”, como vigiar carros e, depois, como profissional de enfermagem. Porque não tinha dinheiro para o ônibus, às vezes ia a pé de sua casa em Taguatinga para a escola na Ceilândia – cidades satélite de Brasília.

*Fonte: JH/Blog do Robson Freitas

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