Em visita não prevista em sua agenda ao Mato Grosso, o ministro do Meio Ambiente ,Ricardo Salles , atribuiu osincêndios que acometem a região ao calor, à baixa umidade e ao vento forte, e disse que a área urbana é a mais atingida. Perguntado sobre a origem das queimadas, concordou parcialmente com o presidente Jair Bolsonaro , que avaliou que o aumento dos fogos de incêndio pode ser intencional .
— Vimos alguns locais em que o fogo foi intencional e alguns em que foi incidental — disse Salles, em uma entrevista coletiva no Aeroporto Internacional de Cuiabá. — Aqui na cidade, claramente no perímetro urbano o fogo foi colocado proposital, isso foi observado também pelo governador (Mauro Mendes), o que é muito ruim para a cidade.
O ministro foi vaiado nesta manhãn a abertura do terceiro dia da Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudança do Clima . Em maio, Salles anunciou o cancelamento do evento , já que o Brasil havia desistido de sediar a Conferência do Clima da ONU (COP-25), mas voltou atrás.
Nesta manhã, Bolsonaro disse, sem apresentar provas, que ONGs podem ser responsáveis pelas queimadas, em retaliação ao corte de verbas que recebiam do governo. O presidente também afirmou que alguns governadores da Região Norte “não estão movendo uma palha” para resolver a situação.
Salles, no entanto, afirmou que bombeiros e equipes do Ibama e do Instituto Nacional Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio ) foram enviadas a todos os estados da região. Segundo o ministro, não houve corte de recursos no trabalho de incêndios — o problema, disse, é que o clima “está mais seco, mais quente, com mais vento, e isso propicia uma propagação maior”.
— Vimos inclusive uma área maior de fogo na região urbana. Um senhor colocou fogo no lixo, então se verifica que a maior concentração de focos aqui na região está no perímetro urbano, em razão pela qual há a maior concentração de fumaça na cidade — disse o ministro, que visitou os municípios de Sinop e Sorriso, ambos no Mato Grosso.
Uma semana depois de o governo norueguês anunciar o corte de uma doação de R$ 133 milhões ao Fundo Amazônia, Salles afirmou que as regras do projeto estão em negociação, inclusive porque “há uma demanda dos estados” por recursos e equipamentos:
— Nossa Amazônia tem área equivalente a 48 países da Europa, portanto, uma área vasta, grande, de difícil fiscalização — afirmou, defendendo um monitoramento de “alta resolução”.
O Ibama lançou nesta quarta-feira um edital para contratar uma empresa privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. Para o governo federal, os sistemas operados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) seriam lentos e insuficientes para atender a fiscalização da floresta.
O ministro também espera verbas de outra fonte. Para ele, o Brasil deve receber mais recursos “em razão do trabalho que faz” para o corte de emissões de gases estufa , conforme estabelecido no Acordo de Paris . Antes mesmo de tomar posse, Bolsonaro cogitou abandonar o tratado , assinado por mais de 190 países, mas recuou, diante da pressão internacional.
Segundo Salles, o Brasil segue permanentemente “boas práticas desustentabilidade ” e mostra que segue regras internacionais, “inclusive com relação às mudanças climáticas “:
— Há oportunidades muito grandes, pagamentos por serviços ambientais, enfim, uma gama enorme de ativos ambientais.
O GLOBO
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