Enxaqueca: exercitar-se pode ajudar a evitar dores (Thinkstock/VEJA)
Conclusão faz parte de estudo brasileiro, que mostrou que o exercício reduz episódios de dores pela metade
Uma pesquisa brasileira comprovou que exercícios aeróbicos, como caminhada e corrida, ajudam pacientes que sofrem de enxaqueca crônica. Segundo o estudo, feito na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), esse tipo de atividade física previne dores, diminuindo tanto a frequência quanto a intensidade do problema.
Participaram da pesquisa 60 pessoas de 18 a 50 anos que tinham enxaqueca crônica, ou seja, apresentavam dores de cabeça pelo menos 15 dias ao mês. Nenhum dos voluntários havia seguido uma rotina de exercícios físicos nos três meses anteriores à pesquisa e todos faziam uso de medicamentos para prevenir dores de cabeça.
Durante três meses, metade dos participantes foi orientada a aliar a medicação com a prática de 40 minutos de caminhada ao dia, três vezes na semana. O restante passou esse tempo apenas tomando remédio.
Ao longo desse período, os participantes relataram se sentiram dores de cabeça e, se sim, com qual frequência e intensidade. Quando o estudo acabou, os pesquisadores avaliaram outros aspectos dos voluntários, como função cardiovascular e índice de massa corporal (IMC).
De acordo com os resultados, os participantes que praticaram atividade física apresentaram uma melhora em todos os aspectos da enxaqueca. A frequência das dores, por exemplo, caiu pela metade — de 25 dias para 13 dias por mês, em média. Além disso, essas pessoas também apresentaram uma redução do IMC.
“O exercício aeróbico de intensidade moderada, praticado regularmente, pode promover o relaxamento muscular, melhora do condicionamento cardiovascular e redução da frequência, intensidade e duração das crises de dor de cabeça”, diz a coordenadora do estudo, Michelle Dias Santos Santiago, fisioterapeuta do Ambulatório de Investigação e Tratamento da Dor de Cabeça da Unifesp.
Vida sem enxaqueca
Os motivos que desencadeiam a enxaqueca variam de acordo com a pessoa. Mas os mais comuns, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, são stress, jejum, má qualidade do sono, fatores genéticos e hormonais (como estar próximo à data da mestruação), excesso de cafeína ou analgésicos, sedentarismo, chocolate, álcool, além de alimentos gelados e gordurosos. "Isso não quer dizer que pessoas com enxaqueca terão crises devido a todos esses fatores", diz o neurologista Antônio Galvão, coordenador do departamento de dor da Academia Brasileira de Neurologia.
O stress é um importante fator que desencadeia e agrava a enxaqueca. Segundo o neurologista Antônio Galvão, a dor e o stress envolvem mecanismos cerebrais semelhantes e estão relacionados aos mesmos neurotransmissores, como a serotonina, que influencia o humor, o sono e o apetite. Por isso, processos cerebrais causados por uma situações de stress
podem levar à enxaqueca.
Além de ajudar a acalmar os nervos, praticar atividade física contribui para uma melhor vascularização no crânio, o que ajuda a evitar episódios de enxaqueca e atenuar as dores durante uma crise.
Dormir, deitar no escuro ou tomar qualquer outra medida para relaxar ajuda a atenuar as crises de enxaqueca, já que reduz o stress e, assim, interrompe ações do cérebro que desencadeiam a dor.
A cafeína tem efeito vasoconstritor, isto é, ajuda a contrair os vasos. Esse efeito atenua as dores da enxaqueca, pois, durante uma crise, os vasos sanguíneos do crânio se dilatam. "O excesso de cafeína, no entanto, pode desencadear um quadro de tolerância e dependência: os vasos se habituam à cafeína e, sem ela, se dilatam e provocam dores.
Nesse caso, a pessoa precisa ingerir cada vez mais cafeína para compensar a dilatação", diz o neurologista Antônio Galvão. Segundo o médico, o ideal é não extrapolar o equivalente a três xícaras de café por dia.
O gelo, assim como a cafeína, tem efeito vasoconstritor. Por isso, colocar gelo ou compressas de água gelada na cabeça durante uma crise de enxaqueca ajuda a atenuar as dores.
Nem sempre é possível evitar ou controlar uma crise de enxaqueca – principalmente se as dores forem muito fortes ou se o problema for crônico (mais de quinze crises por mês).
Nesses casos, a medicação é essencial tanto para diminuir o número de crises quanto para minimizar a dor. Segundo o neurologista Antônio Galvão, uma pessoa deve procurar um médico quanto apresenta pelo menos quatro crises de enxaqueca por mês
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/caminhar-tres-vezes-por-semana-previne-a-enxaqueca/http://edielsonsoares.blogspot.com.br/